O acarajé é um dos quitutes mais tradicionais da culinária baiana e é um prato típico africano que pode ser oferecido à orixás.
Para fazê-lo, utiliza-se feijão-fradinho com cebola e sal que formará uma massa que será frita no azeite de dendê. Após ser frito, é cortado no meio e inserido o recheio com um molho refogado no azeite composto por camarão, pimenta e cebola.
Outro prato parecido com acarajé é o abará, que é diferente devido ao modo de produção, cozido no vapor.
A palavra acarajé tem origem africana e quer dizer 'comer bola de fogo' (akará, significa bola de fogo, e jé significa comer). O nome desse prato típico surgiu a partir de uma lenda de um casal Xangô (orixá dos raios, trovões, fogo e justiça) e sua esposa Iansã, uma deusa responsável pelos ventos e tempestades.
A lenda diz que Iansã procurou Ifá, um oráculo africano, para buscar comida para o marido Xangô. O oráculo falou para a esposa que quando o marido comesse deveria contar para o povo. Ao partir, Iansã desconfiou e comeu antes de levar a ele, porém nada aconteceu. Quando chegou em casa, deu a comida a Xangô e disse as recomendações. Quando comeu foi contar ao povo e fogo saiu de sua boca. Iansã ficou nervosa e correu para ajudá-lo, mas de sua boca também saiu fogo e o povo começou a chamá-lo de grande rei de Oyó (do fogo).
Assim, no candomblé, os acarajés são feitos para orixás com algumas recomendações:
Esses bolinhos possuem um vínculo forte com a religião. Para a venda do produto, é importante que a vendedora esteja com trajes específicos: fios de conta, traje, pulseiras, pano da costa, além de respeitar a comida e os dias dedicados aos deuses, e também seguir a forma tradicional de prepará-lo. No Rio de Janeiro, o acarajé é feito com azeite doce e pode ser oferecido aos deuses que não tem preferência pelo dendê.
De acordo com as tradições, nas sextas não se deve cozinhar comidas de cor (temperadas), como aquelas feita com dendê para não desrespeitar Oxalá. Mesmo sendo vendido de maneira ‘profana’, o quitute ainda é sagrado para as baianas e portanto, sua receita deve ser mantida e preparada apenas por filhos de santo. Mas, alguns ainda contestam, afirmando que a comida não deveria ser feita apenas por pessoas do candomblé.
A venda de acarajé se tornou tão popular, que a baiana do acarajé, em 2005 foi considerada patrimônio cultural do Brasil, através do IPHAN. A baiana, o preparo do alimento, bem como o uso de trajes e utensílios específicos tornaram-se um símbolo de Salvador (BA).
Na Bahia, é um dos produtos mais vendidos nos tabuleiros das baianas. Os bolinhos são mais temperados, do que os ofertados aos orixás. A venda deles começou durante a escravidão dos negros no Brasil, onde as escravas de ganho, trabalhavam nas ruas vendendo quitutes. Atualmente, é vendido por mulheres com roupas brancas, saia bem rodada e turbante seguindo o ritual. Geralmente, no momento da venda, as baianas perguntam para o cliente se desejam acarajé quente (apimentado) ou frio (sem pimenta).
Outra receita popular baiana, de origem africana, feita com camarão é o bobó. Essa receita também é uma adaptação das comidas africanas. O prato é feito geralmente com mandioca cozida, amassada no azeite de dendê com cebola ralada, camarão, coentro, pimenta e gengibre.
O caruru é um prato afro-brasileiro que pode ser servido com acarajé, feito com quiabos cozidos, caldo de camarão ou peixe. No candomblé, o prato é ofertado aos Ibejis, que seriam os filhos gêmeos de Iansã e Xangô, que resolviam problemas em troca de doces e brinquedos. Caso as promessas dos presentes não fossem realizadas, eles poderiam fazer travessuras e até reverter o que tinham resolvido.
O vatapá é um prato típico brasileiro, popular nas regiões norte e nordeste. Ele pode ser usado como recheio para o acarajé. É feito com pão, amendoim, trigo, temperos diversos, gengibre, azeite de dendê, camarão seco, leite de coco e castanha de caju.
Ingredientes
Recheio
Modo de Preparo
Dicas para Recheio do Acarajé
Pode-se acrescentar ao molho coentro, tomate, caruru, molho de pimenta e vatapá.